sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Juntos para sempre


Um ruído forte, constante, mais uma vibração do que um som. Carlinhos abriu os olhos e viu um teto escuro. Baixando o olhar, viu as paredes cinzentas, uma janela pequena dando para outras janelas pequenas. Estava deitado num colchão, em uma típica casinha de conjunto habitacional. A vibração, certamente, vinha de encanamentos velhos ou de algum serviço efetuado lá fora.
Não tinha a menor ideia de como tinha ido parar ali. Lembrava-se apenas de que tinha acabado de jantar com Leonora e tinha sido preso juntamente com ela. Foram levados à presença do tenente Petrônio, que o separou de Leonora. O que aqueles porcos nojentos teriam feito com a pobre menina ?
Aos poucos, foi adquirindo energia o suficiente para levantar-se e reparou que não poderia sair, sem a chave. Começou a gritar, pois não havia outra coisa que poderia fazer para aliviar a angústia que aflorara em seu peito. Onde estaria Leonora ? O que estaria acontecendo com o bem mais precioso de sua vida ? Depois dos gritos histéricos, Carlinhos não pôde controlar as poças de água que já se instalavam em seus olhos azuis.
De uma coisa ele tinha certeza, precisava sair dali, precisava salvar Leonora, mas como ? Enquanto refletia sobre o assunto, ouviu barulho de passos e então deixou o pavor tomar conta de si, mais uma vez.
- Por que você está gritando como uma bichinha sendo estrupada ? - Disse-lhe um cara muito alto e musculoso.
- Eu... ãn... eu preciso encontrar minha namorada.
- Sinto muito bichinha, a essa hora ela já deve estar a dois palmos do chão. - disse ele, taciturno.
No desespero, Carlinhos começa a cavar, com as próprias mãos, além da dor física, ele sentia algo lhe apertando o coração, não conseguiria sobreviver sem ela, preferiria a morte a viver sem a sua pequena joia, sem as brincadeiras, sem seu olhar, sem enxergar seus sorrisos, sem sentir seus beijos... Simplesmente não suportaria.
Por incrível que pareça, Carlos conseguiu sair e então seguiu pelo corredor largo e escuro até chegar em uma sala grande onde entre muitos outros, se encontrava Leonora.
- Meu amor. Tráfico de órgãos. Saia daqui! - disse a menina, entredentes.
- Lhe jurei amor eterno, ficarei até o fim - Carlinhos falou entre uma lágrima e outra.
E com isso, além de outros órgãos, os seus corações foram enviados para o exterior e, talvez por ironia do destino, permaneceram sempre juntos.

2 comentários:

  1. Rafa, muito lindo, a sora samine é uma vaca, impossivel não te gostado desse texto!
    Beijão, carol rocha *-*

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